sábado, 12 de novembro de 2011

Quase Quarenta anos


Vivo uma fase da minha vida privilegiada. Sem esforço algum, posso ter uma abordagem da vida diferente. O facto de estar a menos de seis meses de completar quarenta anos de idade trás a minha mente mil e um pensamentos.
O que sou, donde vim, para onde vou, como cheguei aqui, o que fiz que realmente valeu a pena?
Não tenho dúvidas que o grande acontecimento da minha vida foi ter sido encontrado por Deus nos anos oitenta. Numa altura em que, não fosse meu desespero, até nem me era muito urgente resolver minha identidade religiosa. Pois os escudos e mais tarde os euros fluiam da comunidade europeia e muita gente vivia alegremente da dependência de subsídios que entretanto se evaporaram e deixaram lugar ao austero panorama da responsabilidade económica.
Os relacionamentos autênticos como o que aquele que mantenho com a minha querida companheira e esposa, meus filhos, alguns dos meus familiares e amigos estão para ficar, o resto...
O resto passa, desaparece, desvanece-se, aborrece, arrefece, adormece, enfraquece e esquece-se...
Minha mãe esqueceu-se, foi apanhada pela demência precoce, ri de tudo e de nada, olha no vazio, balbucia algumas palavras sem no entanto conseguir acabar nenhuma das frases que começa...
A demência é uma doença horrível, mas consegue ser menos ofensiva do que o comportamento demente do ser humano que usufrúi de seu "inteiro" juízo.
Tive muitos comportamentos dementes na minha vida. Felizmente, acredito no perdão! Perdão de Deus e de alguns homens e mulheres. Senão! Senão? Senão, não sairia à rua. Fiz muita coisa tonta, imatura, estúpida, grosseira, mas quem não o fez?
Tenho quase quarenta anos. Tenho alguns bons amigos e familiares. Minha esposa e meus filhos são toda a minha riqueza ou quase toda! Não desejo fortunas, só o suficiente para ir ver o Olhanense Domingo à tarde, para pagar a ginástica acrobática da minha filha, para usufruir dos doces da minha esposa querida que são cada vez mais saborosos pois também ela tem quase quarenta anos.
Mas a base continua a ser o perdão de Jesus Cristo que me permite respirar e deixar repirar o meu próximo, quer tenha ele já quarenta anos ou ainda não ou talvez muito mais anos...