segunda-feira, 15 de abril de 2013

Meu Citroen Diane

O trabalho na Obra da Igreja estava chegando ao fim. Teria que começar a procurar outro trabalho. Facilmente o consegui nas obras no novo centro de Saúde. Como era novo e estudava na área da Construção, Foi-me dada a responsabilidade de acompanhar uma equipe de trabalho. Foi um tempo interessante. Mas o meu interesse estava mais voltado nas instalações e nas condições de trabalho dos empregados de origem africana do que no progressão da obra. 
À noitinha, ia ter com eles. Eram momentos mágicos. Uma fogueira. Conversas e risos. Eles dormiam em contentores. Eu não tinha pena, só desfrutava. Percebi logo nessa altura que não tinha têmpera de líder.
Queria ouvi-los, percebê-los e compreendê-los. 
Também percebi que a forma como a obra decorria não tinha jeito nenhum. Entendi que tinha de dar o salto. Nessa altura, um irmã da Igreja me fez um proposta de concorrer para uma grande Firma de telecomunicações da altura. Aceitei logo com muita excitação.
Tinha dezassete anos, força e vontade. Ela avisou-me que não iria ser um trabalho fácil. O trabalho consistia na reparação de cabos exteriores da rede telefónica em todo o Sotavento Algarvio. Trabalhava-se sempre ao ar livre, ao sol e a chuva mas o ordenado era muito bom. Era uma firma estatal, havia mais direitos que deveres. Deu para tirar logo a carta de condução e para comprar o meu primeiro carro; Um lindo e velho Citroen Diane Branco!! Eheh! Que aventuras eu vivi neste autêntico Jipe do pobre...