sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Baby´s Power

É incrível o poder que tem um bebé à sua volta.
Quando menos esperávamos, familiares, amigos e vizinhos derretiam, só de nos ver, ou melhor, só de verem o nosso bebé.
Beijinhos, abraços e prendas...e nós, derretidos diante de tanto reconhecimento. 
Ainda não percebi, claro que por falta de conhecimento, porquê tanto alarido. Quando eles são maiores e se por ventura eles cometerem algum erro ou simplesmente um acto menos honroso, essa admiração dá logo lugar à crítica mais feroz...
Enfim, vivíamos tempos de graça. Como só eu trabalhava fora na altura, a Cristina era a sacrificada. Além de ficar em casa e não ter praticamente convívio com adultos, ainda passava boas partes da noite à cuidar do Samuel.
Acho que foi o primeiro real quebrantamento que experimentei na minha vida. O facto de ver um ser tão querido e frágil com a primeira febre, a primeira diarreia e a primeira inflamação. Enfim, tudo era questão de vida ou de morte. mas a vida continuava e a práctica da minha esposa de cuidar da irmã mais nova com quinze anos de diferença (salvo erro) ia nos safando da nossa total inexperiência.
Nunca tive a menor apetência por bebés ou crianças, mas o primeiro sorriso do meu filho deu origem a minha sensibilidade por estes seres tão maravilhosos e horríveis ao mesmo tempo...
O cocó, as noites, os vómitos e as febres começaram a despertar em mim as primeiras interrogações acerca da vida "normal" dos pais. Seria possível que uma pessoa abençoada ter o mesmo tipo de problemas familiares do que uma família que não tivesse convidado Deus a fazer parte da  sua vida?
Não admira que uma grande parte dos religiosos exemplares deste mundo não tenham uma vida familiar normal. Não é de estranhar que não se sujeitem à normalidade da sujeição perante a erosão da humanidade da vida.
Estava longe de estar preparado para tal "insignificante" vida. EU queria mudar o mundo. Mas enfrentava o meu maior desafio que era cuidar do meu.
O homem é uma criança até entender que deve morrer para a caça, para a guerra e para as suas amizades fúteis. Infelizmente, só a fraqueza , muita vezes, consegue interpelar-nos, nós os grandes machos da nossa rua, à pensar mais nós(família) e menos Eu(herói de cocó).
Aí estávamos nós felizes e ignorantes de tantos desafios que iríamos enfrentar e que desafios...