Eu achava que por ter nascido e vivido 15 anos em França, eu estaria preparado para o que aí vinha. Nada disso! A Suiça não tem nada a ver com a França, ou melhor, a Suiça de 97 não tinha nada a ver com a França de 1972 à 1987! Ah pois é.
É tremendo como nós construímos as nossas cosmovisões sem darmos por isso. Eu todo confiante de que, lá na Suíça, seria fácil, muito mais fácil do que acolá; na África, na Ásia ou na América do Sul...Mas não, nada disso, não tinha muito de francês e muito menos de Suíço e ainda menos de pessoa de "boa educação"...
Eu pretendo que fui bem educado pela minha querida mãe, Dona Maria Celina Pereira do Cerro, mas faltava algo, e ainda bem, a preparação para a educação hipócrita do "fica bem dizer" em vez de dizer o que nos vai na alma com amor!
Fonix, tanta regra, dentro e fora da escola. Impostos até para usar rádio! Imaginem, o director veio ter connosco a comunicar que as autoridades tinham DESCOBERTO(como se alguém estivesse a esconder...) que nós estávamos a usar um mero, pequeno e débil rádio...estávamos a fugir a um imposto! Tínhamos de pagar um taxa, tal como também teríamos de pagar uma taxa para usarmos uma bicicleta na via pública...
Encontramos, um dia nas festas de Genève, um rapaz de nacionalidade Brasileira que afirmou que fora multado de toda a sorte de multa que poderíamos pensar ou imaginar e as quais, ele nem seria capaz estipular ou mesmo até de enunciar!
Não foi fácil perceber a lógica deles, mas claro, como bom Português, ao fim de alguns meses, entramos na ordem das coisas deles, à maneira deles mas sem as tradicionais "abébias" que nós costumamos dar em Portugal quando eles precisam de ajuda...
Tudo muito racional, tudo muito santo, e nós cada vez mais a pensar...o que é que nós fazemos aqui...
Para vos dar um pequeno exemplo; a Cristina, certo dia , tinha de ir pôr a roupa a lavar na cave da escola, mas ela tinha o nosso Samuel de dois anos no colo e umas escadas íngremes para descer. O que era óbvio fazer, para ela, numa situação destas, levar o cesto de roupa até lá, depositá-lo e voltar ao quarto para ir buscar o nosso menino afim de não o deixar sozinho.
Nada disso, estava tudo errado, apreenderam o cesto de roupa por exposição indevida de roupas íntimas, enquanto fora busca o menino e ficou apreendido até novas ordens!
Eu sei, não sou melhor que ninguém mas como dizia a nossa Amália: "Estranha forma de vida", neste caso, eu percebi que nunca percebera o que passaram os meus pais nestes países "iluminados" e esquecidos de que também eles foram alvos da Graça de Deus em certa altura...