domingo, 13 de abril de 2014

As surpresas no preparo

Chega a altura em que sentimos que é a hora. Depois de quatro anos a namorar. Temos então de começar a nos preparar para o próximo passo. É aí que a porca torce o rabo. Uma coisa é ter uma família normal e pensar dar este passo, o que era o caso no caso da Cristina. Mas o meu lado era bem mais complicado. Deveria eu convidar o meu pai, seria ele capaz de se portar convenientemente ou iria ele beber demais e trazer confusão ao momento mais romântico da nossa vida...Conversamos muito. Pedimos orientação a Deus...Mas não nego que fiquei por vezes inseguro, sem saber o que fazer. 
Não tínhamos dinheiro. Minha mãe também não. E achamos que não seria justo existir todo o esforço da parte da família da Cristina, então...começamos a avisar a malta de que o casamento iria ser só para a família e que só convidaríamos familiares e alguns amigos mas aconteceu algo inesperado. Foi-nos sugerido fazer um almoço do tipo Canadiano, pelo menos era assim que era chamado este tipo de almoço no nosso meio, nunca percebi porquê. Cada família traria a comida suficiente para os seus. Juntaríamos toda a comida num armazém e faríamos assim um festa de arromba acessível a todas as pessoas que quisessem participar. Ouve uma espécie de comissão que se levantou para organizar o tipo de comidas que cada um traria, as bebidas como também os jogos que seriam propostos, enfim, ficamos sem palavras. Há alturas da nossa vida em que os acontecimentos da nossa vida, quer sejam eles positivos ou negativos, nos deixam sem resposta, sem jeito, sem palavras...

Claro que os meus sogros não se ficaram pela coisae ofereceram o aluguer do armazém, camarão e carnes grelhadas a discrição com assador profissional na grelha. Amigos escolhidos estrategicamente ficaram no bar, pois iria haver bebidas alcoólicas também, mas a sua tarefa seria impedir as bebedeiras! Só faltou os detectores de metais a entrada!...
O que é certo é que não fiz grande coisa. Gostaria de citar nomes de pessoas que ajudaram bastante mas correria o risco de ser injusto para alguém...
Hoje entendo algo, ao olhar para o passado, não sei como isso é chamado na ciência...mas sei que existiu e existe em mim. Desenvolvi uma forma de me proteger da violência na minha infância que consistiu em alhear-me das situações, refugiando-me no mundo dos sonhos e dos pensamentos. Esse escape passou a ser uma norma que me impede-me lembrar quantidade de coisas que aconteceram e acontecem. Um pouco como se se me lembrasse de forma selectiva, mas involuntária, dos momentos mais emotivos da minha vida. 
O importante para mim é perceber a Graça de Deus neste processo quer directamente, quer através da minha família física e também espiritual.


sábado, 5 de abril de 2014

Antes de dizer sim

Casar era palavra proibida na minha mente devido a experiência dos meus pais. Eu pensava: "Porquê casar para ser infeliz e tornar infeliz a pessoa com que se vive?" mas como é evidente, depois de conhecer a Cristina, tudo mudou!
Tivemos o privilégio de namorar longe um do outro e de poder falar bastante ao telefone de tudo o que nos passava pela cabeça. Mais também também fomos aconselhados, e já depois de sermos oficialmente noivos, recebemos aconselhamento pré-matrimonial. Foram momentos preciosos em que um casal mais velho e responsável da nossa igreja local nos compartilhou a sua experiência e a vontade de Deus para o casal cristão. Falava-se de tudo sem preconceitos; da vida sexual, do relacionamento com os futuros sogros, da educação dos filhos... Contrariamente a muitos casais que conhecíamos, discutíamos bastante...realizávamos a nossa diferenças de opinião, de expectativas, de gostos até.

Foram quatro anos muito lindos mas também muito atribulados. Viagens constantes de Olhão para Vale Judeu, de Citroen Diane que acabei por trocar ( com a ajuda dos meu sogros) por um Renault 5, isto depois de não ter conseguido fazer uma subida bastante inclinada na companhia da minha querida sogra...
É incrível como os homens são nestas alturas. Parecia que não tinha limites, imaginava-nos com um futuro brilhante na frente, com muitos filhos (13, no meu caso! Que loucura!). Isto contrastava com os avisos dos nossos conselheiros que nos exortavam a ter cuidado com as expectativas e os sonhos! Ensinaram-nos a gerir o ordenado, a carreira e a vida na sociedade e até a rotina...Eu ouvia com atenção, mas não conseguia acreditar, de coração, em tudo o que me diziam. Seria possível haver tanta necessidade em vigiar sobre tantos aspectos das nossas vidas...Eu achava que o amor iria cobrir tudo isso. O amor e a fé em Jesus Cristo, genuína e viva supriria qualquer empecilho.
Após quatro anos de namoro, criei coragem e pedi a minha namorada em casamento. De repente, foi como se o céu se abatesse sobre a minha cabeça, porquê? Acho que foi o peso da responsabilidade misturada com uma repentina insegurança. Estávamos a aprender tanta coisa sobre a vida. Víamos tanta gente a falhar, gente má e boa, gente que não gostávamos e gente que admirávamos...
Novamente tive de lembrar que, como Cristão, deveria avançar com base na ajuda e no poder de Cristo e não com base nas minhas capacidades! mas vá dizer isso a um puto de vinte e tal anos...