sábado, 24 de outubro de 2015

Uma Casa na Colina

Seria difícil pedir melhor, começamos nosso casamento vivendo numa grande vivenda com piscina no Algarve nas Colinas de Vilamoura que nessa altura ainda tinham por nome Vale Judeu.
A natureza, o silêncio, a vista sobre uma boa parte do Algarve, enfim o sonho de qualquer pessoa. A casa era dos meus sogros, eles vivam numa residencial que lhe pertencia no vale de Vale Judeu e nós tínhamos o privilégio de morar na casa que eles construíram com as suas próprias mãos para aí passarem o resto das suas vidas.
A questão é que a ocupação da casa, na minha mente, era muito diferente da real e necessária ocupação, da mesma. O meu sogro aparecia frequentemente e sempre com uma missão para a qual ele necessitava da minha ajuda. Eu nunca tinha vivido numa casa. Não imaginava todo o trabalho de manutenção que isso implicava. Além da manutenção, meu sogro sempre construía mais alguma coisa afim de aprimorar sua linda mansão.
Não é difícil perceber que rapidamente o sonho virou pesadelo para mim e comecei, ao fim de um tempo, a ponderar mudar de casa afim de levar uma vida mais à maneira que eu considerava ser mais "segundo a vontade de Deus", uma vida em que, depois do trabalho, eu tivesse mais tempo para ler, para falar com Deus, para receber pessoas em casa com mais intimidade e consequentemente com menos"ruídos".
Hoje, eu vejo as coisas de uma forma bem diferente e entendo que cuidar de um jardim ou manter uma propriedade pode agradar tanto a Deus como estar a falar sempre do seu nome, ou mais até...
O que é certo é que uma noite, estávamos nós a conviver com uns amigos, o meu sogro apareceu para vir buscar uma lâmpada de que necessitava lá na residencial, logo por "azar" para nós, era uma das lâmpadas que estávamos a utilizar naquele momento...
Foi a gota de água para o meu grande e jovem orgulho, naquela noite, eu decidi que este episódio não se repetiria.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Toca a vom...andar!

Voltamos a estrada. O carro estava reparado e nós muito debilitados.
Tivemos muita sorte! ou talvez não...não tenha sido sorte...mas enfim...a correia de transmissão partiu no instante em que o carro estava em ponto morto, nos semáforos de Rio Maior. A bem dizer, isto pode-se chamar, tecnicamente, de milagre ou de probabilidade ínfima!
Bastou ao simpático mecânico substituir a correia e lá fomos nós com o carro reparado mas muito debilitados.
Tão debilitados que fazíamos uns quilómetros e parávamos num café afim de vomitar e fazer mais coisas tão horríveis como esta. Enfim só conseguimos chegar ao Porto. O Gerês teria de ficar para mais tarde (à hora em que este texto está a ser escrito, ainda não conseguimos cumprir nossa viagem a esse maravilhoso destino).
No Porto, comemos uma sopinha e tomamos a decisão de regressar ao Algarve, pela autoestrada, o mais depressa possível! (Na altura não existia tanta autoestrada como hoje).
Uma lua de mel quase a chegar ao fel. Nem turismo, nem comidas e bebidas e nem sexo..."mezinhas" e comprimidos e muita vontade de regressar a casa.
O carro chegou bem ao Algarve e nós também. Mas a alegria de começar uma nova fase, Nossa Nova Fase era inatingível. O amor que sentíamos abafava todo e qualquer contratempo!
Chegávamos a casa, ou melhor dizendo, a casa cedidos pelos meus sogros para vivermos a partir de agora, uma magnífica vivenda com piscina com vista para o mar. Só faltava torná-la o nosso lar...