segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Tudo concorreu juntamente para que eu ficasse numa situação de extrema incompreensão. Pais, família, amigos, tudo se evaporou. Por distância, por opção, por vergonha, por desconfianças...Que culpa tínhamos nós.
Tornei-me revoltado, estudioso, dedicado ao Futebol. Intrépido na defesa, ou passava a bola ou passava o jogador...
Vivia com o meu mundo interior destroçado, sem futuro...Comecei a agarrar-me ás más companhias, como o álcool em excesso, por exemplo.
Comecei a ficar cada vez mais dividido entre as atitudes que eu sabia serem certas e  que cada vez menos menos eu praticava e as erradas que eu eu não conseguia evitar.
Felizmente, fiz amizade com um jovem, nessa altura, que era da minha turma, que não era como os outros. Tinha paciência comigo. Eu podia desabafar com ele. Abrir meu coração sem ser julgado, sem que ele tivesse pena de mim. Pelo contrário, ele ria sem fazer pouco de mim. Tinha fé em mim. Tinha esperança no futuro. Não tinha paciência por ser fraco, pobre ou feio pois era um jovem bem visto na Escola. Muitas meninas estavam apaixonadas por ele. Vestia-se bem. Era de boas família.
Um dia convidou-me a ir a um acampamento para Jovem numa Quinta que ficava a  poucos quilómetros da nossa cidade. Mas tinha de se pagar e nós não tínhamos possibilidades. Felizmente ele arranjou quem pagasse e me permitiu assim falar com a minha mãe sobre o assunto.
Minha mãe aceitou por se tratar de uma família respeitada. Eu fiquei contente, motivado mas também angustiado. Nunca tinha ido a coisas desse género. Ele explicou-me algumas coisas que iriam acontecer nesse acampamento. Eu não percebi quase nada a não ser que iríamos também jogar futebol e ter outras actividades lúdicas interessantes.
Foi o retiro mais importante da minha vida...





sábado, 15 de dezembro de 2012


Cheguei a Escola Secundária, foi incrível. Casalinhos aos beijos no recreio. Jovens fumando sem ninguém dizer nada. Entrava e saía do Escola quem queria. Na minha ex-escola, nós não poderíamos fazer nada disso. Tínhamos os números das salas pintados no chão e no fim do intervalo, tínhamos de ficar de pé, em frente ao número, dois a dois, em silêncio. O professor chegava e com voz serena dizia «podem avançar». Continuávamos dois a dois até a porta da sala, parávamos frente á mesma, e o mesmo proferia com calma «podem entrar». Entrávamos e ficávamos de pé ao lado do nosso lugar até ouvirmos a voz de ordem que nos permitia sentar.
Quando entrei na primeira aula, foi quase como se tivesse entrado numa cena dum filme americano. Havia alunos sentados em cima das mesas a conversar uns com os outros. Outros lutavam, na brincadeira. O professor nem lá estava ainda. Disseram-me que vinha aí o “VaVá”, aprendi mais tarde que era o nome que davam a este professor por passar todo o seu tempo a tentar acalmar os alunos de modo a que se concentrassem na matéria dizendo
« Va!…Va!…Va!».
Logo no primeiro dia, aproximou-se de mim um rapaz que se apresentou e começou logo, sem que lhe pedisse, a apresentar-me aos seus amigos. Prometeu que me iria ajudar a conhecer mais jovens dentro e fora da escola! Eu estava perdido. Nunca iria conseguir decorar tantos nomes duma vez só. Nem as caras, quanto mais os nomes…
Por ter tido que voltar um ano escolar trás(se não tivesse passado no exame Ad-hoc, teriam sido dois!) tornei-me rapidamente um dos melhores alunos da turno. Alguns dos meus colegas nunca compreenderam isso e acharam que eu era naturalmente um bom aluno, o que não me dava muito jeito! Pois os “marrões“ era gozados. O que me salvou, foi o facto, que muito rapidamente eu comecei a revelar meu jeito para o futebol e entrei na categoria de “futebolista” e isso já me conferia algum respeito por si só. Acabei por entrar no clube da cidade e comecei a ser ainda mais amado ainda por alguns e evitado por outros como é normal.
Eu era uma novidade, na altura, não era muito comum um “francês” voltar. Percebi rapidamente porquê. A vida ainda não era muito fácil por estas paragens. Mas era incrível a alegria e a “santa” loucura que alguns vivenciavam.

Claro, não demorei muito a perceber que como qualquer cultura, esta também tinha os seus pontos fracos. Neste caso, prometia-se muito, demasiado rápido e esquecia-se mais rápido ainda. As amizades eram leves e por vezes efémeras. As brincadeiras, pelo menos o tipo de brincadeiras que se usavam pela maioria, não me satisfazia. Já tinha outras preocupações. Não era santo, mas estava preocupado.
Em casa, as coisas não estavam bem, o meu avô estava estranho. Minha mãe chocava com a minha avó. Havia um mau estar geral. Eu não percebia porquê. Se os meus avos gostavam tanto de nós, porque não estavam felizes por nos ter com eles agora. Sempre ouvira dos meus pais que eles tinham dinheiro, por isso essa não poderia ser a razão.
Minha mãe, um dia, aproximou-se de mim a chorar e contou-me que os seus pais tinham vergonha dela porque ela abandonara o seu marido. E mais ainda, eles lhe tinham dito que se ela o deixara, é porque ela não poderia ser boa pessoa. Mais tarde percebi que a envolvência social tinha muito poder ainda, nesta cultura. Eles estavam preocupados como o que os outros pesavam e afirmavam. Mas a minha mãe foi mais além e afirmou o que eu não queria ouvir. Teríamos de ir viver para o apartamento que era dos meus pais e sujeitar-nos a que o meu pai aparecesse a qualquer momento e que recomeçasse tudo outra vez.
Não tardou muito, já não estávamos a viver com os meus avós…

sábado, 24 de novembro de 2012



Chegamos a casa da minha Avó. A missão foi cumprida. Estávamos salvos. Nossa Avó tinha preparado aquela que foi a minha primeira refeição nesta nova fase da minha vida. Nunca irei esquecer esta magnífica costeleta de porco frita com batatas fritas e um Sumol de laranja! Até hoje e apesar de ter comido e bebido tantas coisas bem mais refinadas que essas, o sabor deste repasto nunca sairá da minha mente.
Instalamo-nos. O apartamento tinha dois quartos, nós éramos cinco. Tudo estava arrumadinho e limpinho até a nossa chegada. Os meus avós já vivam há muitos anos sós. Nós trouxemos barulho, confusão e despesa. Eu mais do que a minha irmã e a minha mãe. Eu tinha quinze anos, estava cheio de força, de revolta, estava intranquilo e angustiado. Como iríamos fazer para sobreviver? Teria eu de começar a trabalhar? Iria a minha mãe aguentar a pressão desta nova situação?
Minha irmã sempre fora tranquila, bem-comportada, fazias seus deveres, praticava dança clássica. Era linda, loira e fina. Meu pai chamava-a de bebé. Lembro-me de certa vez em França, ter passado pela nossa cidade um enorme boneco (O King Kong, mais precisamente). Ele pegava nas criança nas suas mão a partir do chão e as enfiava na sua boca e elas desciam por dentro do mesmo até voltarem ao solo. Quando a minha irmã viu aquilo, ficou traumatizada ao ponto de não dormir durante meses. Minha mãe andava alarmada, “corria atrás” dos especialista a fim de descobrir como devolver-lhe noites tranquilas. Eu, às escondidas, punha-me atrás de um cabide, que tínhamos no quarto com cara de urso, e assustava-a gritando-lhe que eu era o King-Kong…


Recebemos a ajuda preciosa da madrinha de casamento da minha mãe e do seu marido, que eram professores, para entrar na escola. Estávamos na primavera, quase no fim do ano escolar. Mas importava, mesmo assim, ingressarmos no sistema para nos aculturar e verificar em que ano escolar, nos iriam colocar. Minha irmã foi para o Ciclo e eu tive de fazer um exame Ad-Hoc para verificarem se os meus conhecimentos de Português eram suficientes para que eu pudesse ingressar na Escola Secundária. Felizmente e graças ao trabalho da minha ex-Professora de Português que era por sinal Alemã, eu demonstrei possuir esses requeridos conhecimentos (ou simplesmente, por influência dos padrinhos da minha mãe, isso me foi abonado, nunca saberei).
Chegou então o meu primeiro dia de escola na Secundária! Foi a loucura total…

sábado, 17 de novembro de 2012

Mais uma noite daquelas...violência psicológica e física, choro e insultos voltaram a acontecer. Mas desta vez, foi diferente. Eu levantei a voz e fiz um ultimato. Avisei o meu pai que, ou ela mudava ou ele iria nos perder a todos! Ele fica espantado e ameaçou de novo pois não acreditava que eu, sendo um rapaz “falhado” a olhos dele, teria a coragem de lhe fazer frente. Enganou-se. A paciência dos fracos também tem limites. O medo dá lugar a ousadia. Por vezes dá lugar mesmo a loucura e eu para lá caminhava. Pensamentos horríveis ocupavam meu mundo interior. Tinha pressa de ir embora porque amava o meu pai, não lhe queria fazer mal algum mas também não podia arriscar a vida da minha mãe. Mais tarde, a minha mãe começou a contactar os primos do meu pai e todos juntos, organizaram uma estratégia de fuga. Fugimos pela cave. Um dos nossos primos estava lá a nossa espera com o seu carro. Dormimos na casa de outro primo. No dia a seguir, mudamos de cidade para a casa de outro familiar e dormimos lá outra noite. Já tínhamos viagem marcada, de autocarro, a partir daí. As horas não passavam, tínhamos medo de ser encontrados. Meus primos estavam tensos. Minha mãe em pânico. Eu tomei, interiormente, o papel de salvador. Não que isso me tivesse sido pedido ou que isso tivesse sido reconhecido em mim por alguém. Mas lá estava eu, a tentar mostrar que estava calmo. Não chorava, não comentava, apenas aguentava tudo lá dentro de mim. A viagem de autocarro foi divertida. As pessoas, no geral, voltavam para os seus familiares. As saudades eram muitos mas a proximidade do reencontro instalava entre eles um ambiente de êxtase, expectativa e animação quase constante. Uns contavam anedotas, outros cantavam, outros jogavam às cartas, outros contavam histórias sobre a família, a guerra, a ditadura, o fim da mesma e sobre o futuro de Portugal como país Europeu. Eu estava conquistado, contagiado e motivado. Mas nenhuma dessas pessoas iria lá ficar. Era muito cedo. Muito verde. Ainda não tinham ganho o suficiente. Nós então voltávamos sem nada. Ouvia de vez em quando chamarem-nos de “coitadinhos” mas eu tinha pena era da minha mãe. Ela estava a dar a cara sozinha com dois filhos e voltava sem marido, algo que, naquela altura era inaceitável fosse qual fosse a razão dessa mesma separação. Chegamos a Capital do Algarve. Era linda. Tanta luz. Palmeiras, a Ria Formosa, os barcos, as pessoas andando à pressa de um lado para o outro. Tinham passado vinte e dois anos desde o fim da ditadura e isso sentia-se nas ruas. As pessoas se sentiam livres, alegres e motivadas para viver sem limites. O meu avô nos veio “buscar”, sim “buscar” porque nós éramos três e ele vinha de motorizada. Daquelas motorizadas que eu achava estranhas, pois pareciam motas mas andavam devagar, e se o meu avô andava devagar! Mas o pior ainda era o som delas. Algumas delas, como a V5 por exemplo, estavam especialmente preparadas para pôr à prova os ouvidos de qualquer santo. Eu fui de mota com o meu avô. A minha mãe e a minha irmã foram de autocarro. Durante todo o caminho eu delirava com o que via. Imagine-se o que era poder viver todo ano no local onde, normalmente, apenas se podia viver no máximo um mês de férias. Era um pouco como ganhar a “sorte grande”. Tudo era exótico para mim. Estava iniciada minha lua-de-mel. Brevemente iria voltar a pousar os pés na terra e perceber o que realmente passaria a ser a minha vida neste meu novo espaço ao qual eu iria passar a chamar “casa”.

sábado, 3 de novembro de 2012

O futebol foi, em minha vida, algo tão útil como estranho. Um pouco à imagem de Tom Hanks em Forrest Gump, eu jogava titular, até cheguei a ser capitão de equipa numa época em que começamos as primeiras jornadas no último lugar mas acabamos no primeiro. Até fomos coroados com um artigo num jornal local e um patrocínio de uma marca de lâminas de barbear! Mas eu não estava lá. Não estava no mesmo filme, o filme que os meus colegas estavam a rodar. Daí, talvez, ter sido escolhido como capitão. Eu não sentia aquilo, por isso não me enervava, não discutia. Como é possível, não sei, mas sei que aconteceu. Eu vivia duas realidades ao mesmo tempo, o jogo e a situação na qual eu me encontrava. Como se, nesse momento, eu tivesse hipótese de estar sozinho comigo mesmo. Um espécie de tempo a sós com Deus mas sem Deus.
Fui ganhando destaque até que, para meu infortúnio, meu pai ouviu falar das minhas prestações desportivas, pelos seus amigos, no café, e quis passar a ser o meu mentor! A partir daí foi o sufoco; discussões com os meus treinadores, com os árbitros, com os meus colegas de equipa, com os pais dos meus colegas e comigo…Cada domingo de jogo era uma aventura que poderia terminar numa grande cena de pancadaria envolvendo, no meio do campo de futebol, todas as pessoas citadas há pouco. O futebol foi, como é óbvio, perdendo seu brilho. Virei-me cada vez mais para a vida de rua, cada vez mais triste, cada vez mais revoltado contra tudo e contra todos. Tornei-me distante, "gozão", zombador, amargo e carente de um sentido para a vida que estava a ter tanta dificuldade em viver. A melhor recordação futebolista dessa época foi um torneio de fim de ano desportivo, no sul de França. Ficamos lá uma semana hospedados na casa de pessoas envolvidas na vida do clube que organizava essa competição. Foi engraçado perceber que havia vidas bem diferentes das nossas. Essas pessoas tinham pronúncias estranhas, e hábitos bem invulgares. A senhora que me recebeu, logo pela manhã, Iniciou o pequeno-almoço com pão mergulhado em vinho numa prato de sopa, eu fiquei sem apetite, só de olhar para aquele ritual! Não faço ideia de qual foi a nossa prestação nesse torneio mas sei que essa cultura, a cultura mediterrânica, me causou um profundo impacto. Falavam alto, riam-se bastante, conviviam. Parecia-me um filme, daqueles filmes de Bourvil, a preto e branco, que eu via desde pequenino. Quem sabe, cheirou-me a algo que, apesar de eu não conseguir entender nessa altura, representava a minha futura paixão por aquele que é para mim o cantinho do mundo mais maravilhoso da face da Terra, meu Sotavento, meu Algarve, meu querido Portugal.

sábado, 27 de outubro de 2012

Por vezes ainda eu me lembrava do director da minha escola primária. Foi talvez o primeiro grande Homem com quem tive o privilégio de me relacionar. Era alto, forte, usava a barba grande, tinha uma voz forte. Mas não era nenhum destes pormenores que me fazia ter saudades dele. Nosso relacionamento não começou da melhor forma. Certo dia, ele perguntou-me se tinha estudado, eu respondi que sim mesmo sabendo perfeitamente que a resposta verdadeira era não. Ele fez-me uma pergunta sobre a matéria. Eu respondi que não me lembrava da resposta. Ele ficou tranquilo e afirmou com uma serenidade irónica que eu podia ir para o pátio do recreio correr em volta do mesmo, até que me lembrasse da resposta e nesse momento poderia voltar. Escusado será dizer que até ao intervalo da manhã corri, frustrado comigo próprio, por não ter estudado e nem sequer ter tido coragem de dizer a verdade. Certo dia, fomos desafiados a protestar em favor do magnífico jardim que tínhamos na escola. A Câmara Municipal queria destruí-lo. Meu professor achou que isso seria um atentado. Ele lutou até ao fim contra a decisão de eliminar este pulmão de ar puro, cheio de árvores, plantas e animais que faziam a nossa delícia. Nós, que éramos crianças de cidade, tínhamos ali, diariamente, a oportunidade de nos relacionar com a natureza. Esse combate foi ganho por meu professor e eu percebi a mensagem por trás deste acontecimento. Por vezes nossas convicções nos levam a perder a popularidade. Ele tinha fama de ser duro, eu via nele um homem bom e tornei-me seu discípulo incondicional. Ele também era sensível, mesmo que não o demonstrasse. Ele já vinha a observar-me havia algum tempo. Deve ter percebido minha tristeza, deve ter percebido, por morar perto da minha casa, que eu encontrava-me sempre por ali. Um dia ele fez-me um desafio, ir com ele e a sua família passar um fim-de-semana para uma casa que ele tinha na montanha. Foi realmente uma proposta que, só por ela, me deixava extasiado. Meus pais deixaram-me ir. Foi lindo. As paisagens, os passeios, os convívios e as conversas. Conversávamos como se fôssemos dois homens. De tal forma, eu encarnei esse papel, que me apaixonei pela sua filha que deveria ter uns vinte e tal anos… Ela foi simpática e não levou a mal, ela bem via que o meu olhar estava cheio de “paixão” mas não atropelou os meus sentimentos, ria-se, e eu percebi tranquilamente que o facto de eu só ter uma dezena de anos tornava este amor impossível. O fim deste ano lectivo representou o fim de um ciclo em que eu tive o privilégio de ser educado por professores que passaram pelo Maio de 68 em França. Eles tinham sonhos e convicções. Eram simples mas convictos e exigentes. Eles acreditavam na sua missão e viviam-na com um empenho contagiante. Eu prometi ao meu Director, no fim do ano que iria ser um homem de verdade, um aluno empenhado, um filho exemplar… aqui fica a minha homenagem ao Professor Fayard.

sábado, 20 de outubro de 2012

Felizmente, eu não cheguei a ser todo enrolado. O meu professor de matemática, que tinha sido um grande atleta, tanto pelos seus resultados como pela sua grande estrutura, chegou no exacto momento para me salvar deste calvário inglório. Foi um momento muito especial. Percebi que nem sempre a bravura nos conduz a bom porto e que os heróis podem muito facilmente acabar mortos... Voltei para casa, para o meu monótono combate pela sobrevivência...Há muita coisa que não vale a pena contar porque poderia parecer mentira ou exagero e enfim... Um dia encontrei a minha mãe a dormir. Ainda hoje, não percebo se acreditei mesmo que ela estivesse a dormir. Felizmente a minha irmã não encarou a situação da mesma forma e pediu ajuda. Comprovou-se que a minha mãe tinha tentado pôr fim a sua vida nessa tarde. Foi o fim do romantismo, na minha vida. Percebi que as coisas podem sempre se agravar. Que não havia limites para a decadência humana. Que o ser humano realmente pode estragar a sua vida se assim o entender tanto como a vida que de si está dependente, isto fez toda a diferença! Mais tarde, quando a minha mãe já restabelecida me afirmou que, por ela, ficava com o meu pai mas se eu achasse que era melhor fugirmos, ela iria aceitar e voltaríamos para Portugal. Não hesitei em responder que se eu ficasse, poderia acontecer mais tragédia. Já tinha 15 anos, o corpo e a mente preparados para a luta, pelas minhas circunstâncias, pelo futebol, pelo bairro e pelo contexto escolar em que eu me movia. Fizemos uma experiência. Fomos passar férias, no Natal, na "nossa" cidade (cidade dos meus pais). Achei tudo fantástico. A luz do dia. O aspecto bronzeado das raparigas. A descontracção das pessoas. O facto de ninguém achar que eu era escuro demais. Ver a minha mãe feliz mesmo que muito infeliz. O carinho de um povo “inferior” que me fazia sentir “superior”. É claro que essa é sempre a sensação do turista que vai para um país que passa por situações mais complicadas que o seu, mas enfim, foi o que eu vivi.
Voltamos para França cheios de saudades da nossa cidade cinzenta mas com a firme convicção que bastaria só mais um momento de desrespeito para tomarmos mais uma daquelas decisões que alteram drasticamente o nosso quotidiano!

sábado, 13 de outubro de 2012

Houve uma grande decisão tomada por meus pais que mudou radicalmente a minha vida. Passei a estudar numa escola secundária que ficava muito longe de casa porque era a única que oferecia o Português, como segunda língua. Os meus pais falavam sempre em francês connosco para não prejudicar nossa integração na sociedade francesa mas não queriam que perdêssemos a sua cultura de vez. Não pensavam regressar definitivamente para Portugal. Meu pai trabalhava por conta própria. Tínhamos uma vida desafogada financeiramente. Num só ano meus pais chegaram a comprar um apartamento, uma carrinha nova e um barco! Além disso, o meu pai não perdoava sua pátria de o ter mandado para a guerra, por isso, era bastante improvável que regressássemos a este país que era para mim pouco mais do que o sítio onde vivia uma parte da minha família e o lugar de lazer onde nós podíamos desfrutar da praia e do sol. Eu tinha de apanhar três autocarros para chegar a minha escola. Era a parte mais interessante do dia. Via muitas pessoas. Apreciava muitas raparigas bonitas. Desenvolvi minha arte de palhacinho para atrair as atenções das pessoas à minha volta e alegrar o meu dia na esperança de esquecer, por momentos a dura realidade de regressar à casa e voltar a ter medo, medo de ver meus pais discutindo, medo de encontrar minha mãe surrada, desanimada ou inanimada... Minha escola secundária era bem sui generis. Consistia num grande conjunto de edifícios plantados perto de um bairro social. Esse bairro era principalmente ocupado por pessoas de origem árabe. Esses passaram a ser minha segunda dor de cabeça depois dos meus pais. Todos os dias alguém nos pedia algo, nos ameaçava, nos tentava agredir. O meu desafio diário passou a ser sobreviver. Eu tinha medo mas não demonstrava, enfrentava-os, queria provar que era um português durão, diferente da maioria e que não iria dobrar-me perante as ameaças deles e aguentei...tanto que um dia, alguém não aguentou, por mim e por nós e atuou, reuniu provas, testemunhas, falou com o director, com advogados e avançou. Lembro-me de certo dia ter descoberto quem me tinha roubado a minha linda e nova camisola, recém oferecida por minha mãe. Fui ter com o rapaz e ameacei espancá-lo e ele devolveu-me a camisola. Foi muito bom gabar-me durante o dia e tecer teses sobre como deveríamos tratar esse tipo de pessoas. O problema foi ao sair da escola. Vi um grupo de mais ou menos oito a dez pessoas reunidas à porta mas nunca pensei que fosse um comité de boas-vindas. Mandaram um jovem insultar-me, percebi que o objectivo era que eu começasse a escaramuça para que pudessem reivindicar legítima defesa. Eu bem vi o arame farpado, no chão, que era utilizado para uma tortura bem conhecida na zona. As pessoas eram enroladas com esse arame, deitadas no chão e empurradas de forma a rebolarem até ficarem completamente ensanguentadas. Bastava-me ignorá-lo e seguir o meu caminho para evitar mais complicações, mas devido ao meu tal código de honra, eu tive de avançar, porque um dos diversos insultos que me foi dirigido fazia referência a minha mãe. Dirigi-me ao rapaz, levantei a minha mão para lhe bater e… Não tardou nada, eu estava a ser enrolado…

sábado, 22 de setembro de 2012

O Novo Bairro

Já estavam todos instalados na nova casa. Novas promessas da parte de todos em que todos iriam contribuir da mesma forma para uma saudável e nova fase das suas vidas. Graças aos conhecimentos do meu pai, tínhamos conseguido alugar um T3 num especial bairro social construído para hospedar sobretudo ex-combatentes franceses das diversas antigas guerras em que entraram no passado. A ideia era interessante. O problema é que um pouco mais acima se encontrava um bairro onde residiam alguns dos povos contra os quais lutaram e por sinal ainda lutavam alegre e afincadamente. Os portugueses encontravam-se um pouco à margem de tudo isto. Eram simpáticos, trabalhadores, submissos e o que queriam mesmo era ganhar muito dinheiro de uma forma rápida e eficiente. Minha primeira amizade com os vizinhos de cima aconteceu devido a um triste incidente. Minha mãe acabara de me comprar um fato de treino novo da Adidas igual ao da Selecção Francesa de Futebol. Eu estava a beira de uma descida cheia de neve à olhar para os jovens que estavam a aproveitar a neve para se divertirem quando fui empurrado. Na queda, rasgou-se o tal fato de treino novo da Selecção Francesa de Futebol em pele de Pêssego azul escuro.
Foi duro regressar à casa com uma climatização natural na coxa esquerda, enfim era só mais uma. Já tinha deixado botas novas no balneário do estádio de futebol, perdido a chave de casa ao brincar às pistolas com a mesma, partido os óculos da minha professora com uma bolada. E regularmente ouvia o lamento de uma mãe desesperada por não conseguir fazer do filho um Homem...Depois de me levantar com as calças rasgadas e molhadas fui direito ao jovem que me empurrou e lutamos por alguns segundos sem grande dedicação. Fizemos rapidamente as pazes e esses cinco irmão tornaram-se rapidamente alguns dos meus melhores amigos. Este incidente ateou o rastilho de uma aventura fantástica neste bairro que conseguia ao mesmo tempo ser triste para certas pessoas e para nós uma sucessão de aventuras mais ou menos divertidas, mais ou menos perigosas que nos levaram a nos inicializar no gosto pela marginalização. Rapidamente formamos um grupo composto de seis portugueses, um italiano e um francês daqueles que não pareciam ser franceses, porquê? porque uma das nossas diversões passou a ser damos "coças" aos franceses(os mais fracos, claro!) e ele nos ajudava alegremente, nunca percebi porquê! Certa vez estávamos, juntos, a nossa ver pela primeira um revista pornográfica em frente à minha casa quando minha mãe começou a gritar de forma histérica para eu voltar para casa e eu pensei logo e irracionalmente que ela estivesse a ver à 50 metros de distância o que eu estava lendo. Voltei com muito medo das estaladas supersónicas e fortes da minha mãe. Quando ela me explicou porque estava zangada comigo respirei de alívio tão fortemente que ela ficou ainda mais zangada comigo. Ela tinha ficado a saber que eu batera num jovem francês e que lhe tinha deixado um olho roxo e que a sua mãe ralhou com ela por minha causa dizendo que lá por ele ser órfão de pai, nós não deveríamos aproveitar para despejarmos nossa raiva nele e no seu irmão gémeo. A verdadeira razão era que tinha discutido com ele e ele chamou um nome muito feio a minha querida mãe e não lhe perdoei tal ofensa que pelo meu código de honra deveria ser sempre punida por violência verbal e física. O pior é que a minha mãe não me bateu dessa vez mas ela me infligiu o castigo mais maquiavélico alguma vez inventado. Tive de me dirigir, sozinho, à casa deles bater à porta deles, encarar uma mãe destroçada aos soluços desabafando todos os seus males e as injustiças deste mundo a frente de dois jovens tão espantados como satisfeitos por esta humilhação de ter de pedir desculpas pelo sucedido. Eu penso que vou ficar por aqui porque ainda hoje me custa falar nisto!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Ao ler este belo Livro de Philip Roth de nome Némesis, pude reflectir sobre as nossos limitações humanas e sobre como Deus pode ser visto como um ser tão diferente consoante a experiência pela qual estamos a passar. É realmente importante não ceder a essa tentação pois a nossa vida, tal como a do personagem principal poderá tornar-se bastante amarga. Acabo ao deixar uma frase do livro da página 199 desta edição da D.Quixote; "Eu não sou uma pessoa de grandes convivências, Arnie. Vou ao cinema. Aos Domingos desço até ao Iron Bound e como um bom jantar português." Até já, Cris

sábado, 12 de maio de 2012

Minha cidade natal



Minha cidade natal era cinzenta, porque viveu muito tempo da exploração de minas de carvão. Estava a viver um tempo difícil pois as suas fábricas estavam a fechar. Fábricas de armamento, de bicicletas, enfim. A minha cidade também estava cheia de imigração. Portugueses, Espanhóis, Italianos, Argelinos, Marroquinos, Turcos e até Chineses já existam lá, naquela altura!

Durante vários anos, minha vida se confinou a uma rua, um prédio antigo, mas tranquilo. Pessoas idosas e pessoas que, nessa altura, me pareciam idosas mas que deveriam ter, aquela que é a minha idade hoje, mais ou menos 40 anos.

Tinha duas tias, da parte do meu pai, que eram uma grande ajuda para a minha mãe. Elas ficavam connosco algumas vezes. Mas ficamos, mesmo assim, muitas horas em casa sozinhos, os dois quando a minha mãe ia trabalhar.
Certa vez, minha irmã cortou-se, minha mãe estava no trabalho. Seguiram-se instantes de pânico, de espera. Minha irmã vociferava repetindo uma frase conhecida da altura por ser repetidamente proferida por um grande político francês. Mais tarde rimo-nos disso mas na altura, nem por isso. Minha mãe acabou por chegar e tomar conta da situação. Foi, por um lado, um alívio mas essa responsabilidade era excessiva e provocava em mim muita tensão.

Eu tinha pesadelos frequentemente. Ouvia gritos, por vezes, nem sabia se faziam parte dos sonhos ou não. Num dos sonhos frequentes, eu tentava desesperadamente tapar-me mas não conseguia porque a manta desintegrava-se…
Eu fugia de casa pela janela de trás que dava para um pátio e ia falar com os empregados das pequenas fábricas que ficavam à volta. Com uma tábua e um tijolo, um deles construiu-me um baloiço.

Os fim-de-semana eram como o resto da semana só que com menos gente ainda. Tudo estava fechado. Os franceses abalavam para as suas casas de campo… Felizmente, a nossa tia nos convidava para comer arroz doce! Que alegria poder raspar o tacho com a colher de pau. Minha tia só fazia era repetir a palavra “coitadinhos!”. Minha mãe chorava algumas vezes mas estava sempre triste. Triste de estar longe do seu país, da sua família, do sol, mas sobretudo longe de ser amada como gostaria de ser pelo homem da sua vida, que ela amava mesmo e mesmo assim, como ela era. Poucos homens poderão perceber o que uma mulher sente e como ela ama.

Minha mãe era muito querida connosco. Só tinha um defeito, era muito negativa, acho que fiquei com essa doença por causa dela. Mas que grande mãe nós tivemos. Faz-me lembrar o Roberto Benigni que em “A vida é bela” finge para o seu filho que a perseguição aos judeus era um jogo para que ele não sofresse. Minha mãe fazia de qualquer coisa que fizéssemos algo fantástico! O problema era que, por vezes, a realidade não dava espaço para disfarces. Estava aí bem patente, gritante, horrível, violente, crua e nua.

Havia do outro lado da rua um prédio de gente fina, francesa, com carros de luxo. A Senhora que tratava da manutenção do prédio era imigrante espanhola. Era muito alegre, um espectáculo. Tinha uma pronúncia engraçada. Um coração enorme. Era casada e tinha dois filhos. Brincávamos com os seus filhos na relva, também ela fina como os donos desse mundo. Nossos amigos moravam todos na mesma peça que fazia de cozinha, quarto e sala de Jantar. Como é possível que um espaço tão exíguo fosse tão agradável. Como é possível que as suas batatas fritas demasiado gordurosas fossem tão saborosas ao ponto que, ainda hoje, tenho saudades delas mas tenho de reconhecer que tenho ainda mais saudades deles. Eles diziam que tinham uma grande vivenda em Espanha. Tinham um carro novo na garagem, um Peujeot verde azeitona. Mas sempre os conheci andando á pé. Ele já era corcunda de tanto olhar para o chão ao tentar encontrar moedas ou objectos de valor. Ele gabava-se de ter encontrado muita coisa. Acho que também era tímido e era a sua maneira de conseguir caminhar na rua sem ter de enfrentar o olhar dos outros. Meus pais não eram assim. Meu pai não queria voltar para Portugal. Vivíamos como os franceses. Até falávamos entre nós em Francês. Só os meus pais é que falavam entre eles em Português. Os Espanhóis eram os únicos de quem meus pais tinham pena, mas eu não concordava, porque eles eram felizes como eram, e nós não.

Um primo do meu pai e a sua esposa pegavam em nós algumas vezes e íamos passear de carro, ouvindo música; Pink Floyd, Dire Straits, Supertramp e Génesis…era muito bom! Eles ouviam minha mãe e acalmavam-na. Por vezes, tentavam chamar o meu pai á razão, mas era tudo em vão.

Todos achavam o meu pai uma excelente pessoa mas em casa nós convivíamos com outra pessoa. Acho que posso dizer hoje, sem mágoa, que para mim, ele era um monstro, porque só os monstros metem medo ás crianças, e eu tinha muito medo dele. O dia dividia-se em dois períodos; O período do sofrimento, quando ele estava em casa, e o período da espera…Cada vez que alguém passavam na rua, cada vez que alguém batia à porta, cada vez que a noite começava sem ele, a espera se tornava amarga e instável. Será que ele vinha nervoso ou muito querido. Será que ele iria gritar, bater (na minha mãe, pois ele nunca nos bateu) ou iria dar-nos lições de moral, sem escrúpulos, explicando o que era a vida e como ser uma boa pessoa.

Meu pai tinha vergonha de mim. Eu era muito sensível. Quase demasiado efeminado para o seu gosto. A televisão francesa estava repleta de música, arte, livros, escritores e conversas elaboradas. Eu via e absorvia isso tudo. O mundo do meu pai era o mundo da guerra, das “obras” da construção civil, das mulheres e das bebedeiras.

Um dia fui comprar pão e a Senhora que me atendeu, perguntou-me: “O que deseja a menina?”, fiquei irritadíssimo comigo! Parecia-me que o que Pai tinha razão! Fiquei farto dos meus caracóis, da minha beleza demasiado feminina e sensível.

Felizmente jogava futebol, isso agradava e acalmava as hostes. Mas eu não gostava de ver futebol na televisão, isso irritava o meu pai que me queria explicar à força como é que se jogava. Eu preferia jogar. Era uma das raras ocasiões de viver ao ar livre. Longe dos prédios, longe da tristeza da minha mãe, longe da pena que minhas tias e vizinhos sentiam por mim. Cheguei a ir jogar pelo meu clube e nem saber qual tinha sido o resultado final desse jogo! Chegava a casa, meu pai perguntava-me qual tinha sido o resultado e eu não sabia responder…e lá começavam os insultos…as irritações…os palavrões.

Eu achava que afinal, se a minha família era assim tão infeliz, era por causa de mim. Eu era o principal culpado. Se, pelo menos, eu conseguisse ser diferente!...

Hoje percebo que, se calhar, minha cidade não era tão triste assim, a minha vida lá é que era, com certeza que o era.

Certo dia mudamos de bairro, foi tremendo!

sábado, 5 de maio de 2012

Introdução

Ele tinha mais 10 anos do que ela, era vivido, boémio e solteiro. Sempre fora rebelde. Foi a Guerra. Emigrou para a França. Veio a Portugal ao casamento do irmão, fico apaixonado por uma rapariga singela, filha única por ter perdido o irmão, depois de lhe pedir certa vez para ir buscar um figo á figueira, que tinha uma pernadas por cima do tanque, ele foi e caiu e…
Eles casaram. Foram viver para a França.
Ele estava zangado com Portugal que o obrigou a lutar contra gente boa de Angola. Ele foi, mas não lutou, não matou ninguém mas viu muitos amigos morrerem.
Ela nunca foi realmente perdoada pelos seus pais pois tinha “matado” o seu irmão mais velho.
O resultado foi um casamento atribulado. Ele foi um marido e pai ausente, boémio, nervoso, alcoólico e violento.
Ela foi uma vítima que tinha de dar conta da casa, dos filhos e das finanças.
Ele tornou-se patrão dele mesmo e falhou. Começou a beber mais, bater mais na mulher que sofreu ainda mais. Tentou pôr fim aos seus dias mas foi salva por sua filha.
Um dia, ela perguntou ao filho mais velho: “Por mim fico, mas tu, o que achas, ficamos ou fugimos para Portugal?”. Sua resposta transformou as suas vidas, a sua vida.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pôr do Sol

Há quanto tempo eu não observo com atenção esta maravilha do criador! Talvez este fim-de-semana eu consiga, estar em silêncio, "embasbacado" Diante dele (o Pôr do Sol) e Dele (O criador do Sol) E descansar, descarregar, ... Na Luz, na Cruz...de Jesus!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Questão de foco

Olá, permite-me(ou permita-me) compartilhar contigo(consigo), Muitas vezes, permitimos que os acontecimentos da vida nos distraiam da glória de Deus, do que Ele fez e do que Ele está a fazer, permitindo-lhes desviar a nossa atenção dele e dos seus propósitos. Por causa da falta de fé, nós desviamos nosso olhar da luz e colocamos nossa atenção no escuro, e logo torna-mo-nos ingratos. Faríamos bem em imitar David a este respeito. (Sobre o Salmo 19) John W. Ritenbaugh http://www.bibletools.org/index.cfm/fuseaction/Bible.show/sVerseID/14170/eVerseID/14173 Abraço, Cristóvão (João 3:16)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

1 João 2:6 (6) “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (Nova Versão King James ) Os cristãos devem fazer como Jesus fez. A implicação no contexto mais amplo é que aqueles que afirmam ser cristãos devem viver moralmente, como Ele fez. Estamos a seguir o seu exemplo e ter a mesma ética, como o fez, especialmente como Ele diz em João 8:28-29, o que implica fortemente que o seu comportamento foi elaborado diretamente de Deus Pai. A ênfase em I João 2:6 está na maneira como que se vive. Para alguns, o cristianismo é pouco mais do que um exercício intelectual. Algumas dessas pessoas podem estudar com frequência e passam longas horas fazendo isso. De alguma forma, porém, nunca se traduz em aspectos práticos da vida, é puramente intelectual. Eles fazem uma série de pesquisas, mas suas vidas nunca mudam realmente. Há outros cuja relação com Deus é amplamente baseada em sentimentos. Mas porque os sentimentos são transitórios, eles vão e vêm, suas vidas constantemente mudam de cima para baixo e são muito irregulares. Eles não são nem quentes nem frios. João salienta que um cristão deve seguir o mesmo padrão de vida que Jesus viveu, e Ele não deve voar de um lado para outro com base nas suas emoções! Há um outro aspecto deste, também: Jesus foi baptizado, mas Ele nunca pecou. Ele disse a João Batista que a razão pela qual Ele fez o que fez, foi para cumprir toda a justiça, isto é, para cumprir tudo perfeitamente. Somos baptizados porque pecamos e porque é o que Deus ordena a cada um de nós. Ele quer que façamos uma declaração pública de nosso compromisso e da entrega da nossa vida, ao sacrifício dele, para ser criado à semelhança da ressurreição de Cristo. Cristo não teve de se adaptar a qualquer desses parâmetros. O fato de que Ele fê-lo tem um motivo: Ele foi baptizado para fazer o que iria ser exigido de nós, aqueles que O seguem. Portanto, Ele fez isso como um exemplo. Ele nunca ofereceu um sacrifício animal. Por quê? Não seria exigido de nós. Mesmo assim, não teria sido tecnicamente errado para ele a fazê-lo, mesmo quando Paulo passou por um dos rituais da Antiga Aliança no livro de Actos. Jesus Cristo guardou o sábado e os dias santos, e aqueles a quem Ele pessoalmente treinou também o fizeram. Essa é uma lição poderosa. Não podemos errar seguindo Seu exemplo, independentemente de uma lei específica ter sido no passado estabelecida. John W. Ritenbaugh