terça-feira, 30 de maio de 2017

Dizer sim a espera dum nim!

Esta foi uma grande lição para a nossa vida.
Dissemos sim a nossa denominação.
Alinhamos e respeitamos a vontade deles a despeito daquela que achávamos ser a certa, na esperança de que viéssemos a enveredar pelo caminho mais apropriado...mais tarde. Nada mais errado!
Isto quer dizer que, em vez de optarmos por lutar em ser missionários, aceitamos ser candidatos a pastores de uma igrejinha situada em num recanto do nosso Distrito.


Tudo ao contrário daquelas que eram as nossas convicções. Iríamos trabalhar sós quando nos tinha sido ensina na Escola Bíblica que o melhor era trabalhar em Equipa. 
Quando fomos conhecer o local, a Paz desapareceu, percebemos que o caminho não era este.
As pessoas eram simpáticas. As instalações eram boas. O potencial era duvidoso...Tinha lá estado um casal com filhos, vários anos. que estava de saída, cansado, doente e convicto de que não iria ser assim connosco...
Mas, pelo que estudáramos, percebemos que era um convicção estranha e infundada da sua parte, pois não éramos mais fortes do que eles.
Várias pessoas da Igreja-mãe, que apoiava este trabalho como podia, afirmavam que estavam desejando que lá fôssemos viver afim de que não precisassem de lá ir mais.
A missão agora era fugir a todo custo desta encrenca na qual nos tínhamos enfiado, mas como...restava-nos orar na esperança de que Deus escrevesse direito apesar das nossas tortas linhas...

sábado, 11 de março de 2017

É sempre uma tentação!

É sempre uma tentação!

Viver a segurança, a facilidade...
Mas nós somos exímios mascaradores da verdade, qual Adão e Eva, qual Caim, qual Judas enfim...
Sabíamos que o propósito era a missão mas já tínhamos dado (tanto) a cara. É incrível que, logo que assumas uma posição de fraqueza, todos os que estão numa posição de força te atacam por se sentirem enfraquecidos, ameaçados, desmascarados...
Atacas um hippie, descaradamente, com uma força que não te atreverias a utilizar contra um Advogado!
Atacas Jesus Cristo com uma força descomunal muito diferente dos paninhos quentes que usas quando falas de Allah!

Bater no Sporting é bem mais confortável do que bater em 6 milhões de Benfiquistas! ;)
É preciso ter muita coragem para optar por fazer parte da minoria, por isso, todos lutamos para progredir! Não acredito que todos queiramos trabalhar de sol a sol só porque sim! Porque amamos a responsabilidade e o dinheiro! Há segurança nessa situação...
Nós também optamos pela segurança e aceitamos passar a obreiros da instituição...com a esperança de que "Deus" viesse a mudar a situação no futuro!
Tangas!
Nós os cristãos! Pomos o nome de Deus em Post-its e colocamo-los adequadamente por cima de caixas embaraçosas à entrada das nossas consciências.
Foi o que fizemos, isso trouxe-nos muita alegria, felicitações, facilidades que haveríamos de pagar bem caro no futuro...
Tinha lido tanta biografia sobre heróis da fé, mas ler e saber não chega, é preciso aprender a sofrer e isso, os livros não ensinam, só talvez o exemplo dos que nos cercam, mas isso, estava escasso por aqueles dias, ou pelo menos, deles não me apercebi!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Voltamos da Suiça. Estamos sem trabalho. Temos uma proposta que não nos parece bem e que consistia em ir para um local de pregação isolado em que já vários missionários se tinham esgotados por estarem sós.
Estamos na praia, a conversar com um missionário Canadiano que nos pinta cenários ideais de que devemos viver pela fé blá blá blá. Anos mais tarde, quando viu que os seus filhos, talvez, não teriam futuros por terras lusas, voltou para o seu país com todas as suas lindas teorias...
Não há nada mais extraordinário do que passar as passas do Algarve por estar-se a passar por provas por viver de acordo com o que se crê, o que se prega.
Incrível é ser "gozado" por aqueles que crêem e pregam as mesmas coisas que tu.
"Estás a ser parvo"
"Porquê?"
"Estás a ser  radical!"
"Foi o que pregaste todos estes anos"
"Sim...mas o contexto era diferente"
"Não estou a perceber..."

O Líder do Canadá aconselha-nos a viver pela fé mas quando regressar ao seu país, voltará a ter todas as melhores condições do seu país.
O Líder de Portugal aconselha-nos a ser esperto e a não desperdiçar uma boa oportunidade de emprego "para o Senhor" esquecendo um a chamada do Senhor, preenchendo uma vagas que vai desenrascar a estrutura...

Nós não estávamos a procurar de emprego, eu acabara de despedir-me de um emprego à sério na Portugal Telecom...
O que tinha falhado...

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Qual é o proveito de deixar tudo por amor a Cristo

Há muitas perspectivas sobre deixar tudo e mudar de vida. Muitos fazem-nos sem ser para agradar a Cristo. 
No nosso caso, e para não correr o risco de mentir, no meu caso, o que foi bom nesta experiência de deixar um emprego estável num grande companhia para ir aprender mais da Palavra de Deus e aprender a Servir melhor?
Deixar tudo, perder pontos neste mundo é talvez a experiência que mais nos pode levar a uma situação que revele, afinal, quem nós somos e em quem contamos para avançar.
Alguns vêm os empregos, as contas bancárias e os bens  como o garante da saúde da sua alma(não que eu não seja assim muitas vezes! Infelizmente). Quando deixas tudo, percebes muito melhor a Bíblia e os sermões de Jesus Cristo. De repente tudo faz mais sentido. Não é preciso ler livros e livros para perceber que a prática é "tudo", desde que nunca abandonemos a Palavra.
Ir estudar para a Suiça enfraqueceu-me, tornou-me vulnerável, dependente de Deus, dependente dos outros mas não no sentido em que há uma espera, uma expectativa, é simplesmente que sabemos que Deus terá de mexer com alguém para levarmos o nosso barco à bom porto pois já não temos mais nada para dar.
A fé Nele era a garantia mas não me garantiu um estado de super espiritualidade, muito pelo contrário, os meus podres e fraquezas sobressaíam como nunca perante os desafios para os quais eu não tinham garantias de ser capaz de ultrapassar.
Conheci realidades e pessoas que não poderia conhecer onde vivia. Pessoas que não têm nada há muito tempo mas têm tudo. Pessoas que têm tudo mas consideram isso como esterco. Pessoas que aguentam situações de muita pressão e que poderiam estar "bem na vida" mas não estão! Porquê? por amor a Deus e ao Homem.
Conheci outras mentalidades. Percebi que tudo não tem de ser como é. Que ter fé não é ser fatalista! Percebi que os títulos não querem dizer nada se não forem acompanhados de sentido. Descobri que quando não há posses, uma tarde de marcha, umas bolachas e um chá podem dar toda a felicidade do mundo e ainda podem ser partilhadas com alegria com mais umas quantas pessoas.
Descobri toda a miséria do ser humano sem Deus dentro e fora da igreja institucional. Percebi que Cristo tem de viver em nossos corações mesmo. 
Também entendi que a cultura na qual vivemos tem muita influência na nossa maneira de pensar! A nossa cultura nos cega em muitas áreas mas temos a tendência de só condenar a cultura dos "outro". Percebi que havia imensa coisa boa na cultura Suiça, se calhar, se não fosse a minha paixão por Portugal, teria ficado por lá pois o sentido das coisas serem como são e devem ser torna-se quase oxigénio para o cérebro ao fim de alguns meses.
Conheci a história de povos pelos quais eu não teria o mínimo interesse e descobri que esses povos fizeram muito pelo meu sem que eu disso tivesse a mínima noção.
Viajar com Cristo, não viajar por viajar, Ir e fazer discípulos é a melhor maneira de passar a progressivamente ser um!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O grande erro

A equação era simples. Desistir de seguir a vontade de Deus e entrar no molde ou enfrentar tempos muito difíceis e de solidão...
Aí, de repente, foi como se toda a minha vida me passasse a frente...afinal, no meio cristão, as coisas funcionavam como nos outros sítios, interesses, razão, planeamento, necessidade, manipulações, pressões...
Não, não enganamos ninguém, aceitamos o apelo feito por Deus numa conferência missionária da nossa denominação e saímos com esse propósito que foi abençoado pela liderança!
Mas não, as coisas não são assim, a presente necessidade da estrutura era outra.
E o povo não sabe o que se passa na cúpula...
Não não percebemos na hora certa como funcionavam as coisas, senão, senão nunca teríamos embarcado. Não se trata de não querer seguir a Cristo. Trata-se de perceber que como os Católicos têm as suas tradições que os impedem de seguir só a Cristo, nós também temos as nossas.
E fugi mais uma vez. Não falei com o  nosso director para não fazer ondas e regressamos no fim do ano lectivo para Portugal e aceitamos entrar como obreiros na esperança de que as coisas mudassem depois, como por milagre...erramos!
O director não compreendeu, eu estava em choque, ele mandara uma carta para seis líderes de Portugal a denunciar meu comportamento em palavras que eu nem tenho coragem de reproduzir aqui.
Anos mais tarde, num quartinho, ele me pediu perdão e reconheceu que a nossa denominação não estava preparada para missões, que eu tinha razão na altura. Mas ninguém soube isso, ninguém viu, não foram mandadas outras cartas para os mesmos líderes a desfazer o erro...
Como eu amo Jesus Cristo! o Filho de Deus, incompreendido, injustiçado, mal tratado, morrendo só, por amor, por mim, antes mesmo que eu o perceba! Que loucura, parece desperdício! A loucura da Cruz, o amor divino contra a tolice humana...
É tão difícil dar sem interesse, é preferível construir creches para os nossos filhos, lares para os nossos velhos, centros de acampamentos para os nossos jovens do que ir longe e dar sem retorno...que loucura! Que desperdício, há tanta necessidade aqui...Ainda hoje, Portugal continua a receber obreiros de todo o mundo mas poucos são aqueles que nós mandamos. E a pobreza não é desculpa pois, por exemplo, a Suiça foi uma grande potência missionária quando ainda era pobre.
A busca pelos bons feelings, o bom "Louvor", o bom ambiente reduz nossa audição perante a voz, por enquanto, suave de Jesus Cristo que continua a ordenar: "IDE!"

sábado, 6 de agosto de 2016

Caminhos cruzados

Através do estudo e das experiências adquiridas íamos cada vez mais chegando à conclusão de que o nosso lugar seria em missões. Estávamos muito felizes pois essa já era a nossa convicção antes de partirmos para a Suiça e cada vez mais o nosso coração ardia por fazer parte do trabalho missionário em qualquer parte do mundo, se bem que o nosso coração ardia por concelhos ainda não alcançados de Portugal.
Depois daquela infeliz situação da escolha do nosso director de estágio, escolhemos então um pastor de Marselha que trabalhava em equipa numa pequena igreja dos irmãos e que fazia trabalho de rua e trabalho com música.
Estávamos muito entusiasmados. Um dia recebemos a visita de um pastor Suíça que pertencia a nossa denominação que nos perguntou quais eram os nossos planos. Explicamos, eufóricos, como quereríamos passar o estágio de segundo ano, cientes de que era essa a vontade de Deus. Ele ouviu-nos atento e retirou-se após uma breve conversa.
Nós recebemos a indicação de que deveríamos fazer um orçamento das nossos futuras despesas para que comunicássemos claramente à nossa igreja o sustento que iríamos precisar. O que fizemos com muito trabalho e dedicação de forma a não defraudar as muitas pessoas que nos iriam apoiar.
Eis senão quando, um dia, recebemos um telefonema do nossa pastor em Portugal com uma voz bem severa afirmando de que a necessidade da nossa denominação era de pastores e não de missionários e que teríamos de fazer o estágio com um pastor e ele tinha de ser da nossa denominação e por acaso, esse Senhor era quem nos tinha visitado alguns tempos antes.
O problema é que precisávamos da ajuda que nos prometeram para os próximos três anos só era válida se fôssemos por este caminho.
Ficamos aterrado...o director já nos tinha avisado de que estas coisas poderiam acontecer e tinha-nos pedido que o avisássemos se isso acontecesse. Nós nós tivemos coragem. Ficamos em choque, o que seria de nós agora, o que fazer, como proceder.
Ainda tivemos forças para entregar o orçamento, pois poderíamos vir a receber ajuda das igrejas Suíças, mas entendemos, de repente que a nossa situação estava bastante complicada.
Tínhamos gasto todo o nosso dinheiro nesse ano na Suiça pois tudo era imensamente caro para um Português.
O que fazer, obedecer à chamada ou à vaga de emprego disponível...

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O meu professor preferido

No meio de tanta gente, era natural que eu me identificasse mais com algumas pessoas. Neste caso, foi um professor que era um autêntico bálsamo para a minha vida.
Ele sabia do que falava mas o que mais nos maravilhava eram os seus exemplos de vida, exemplos das suas experiências na implantação de Igreja. Encontros com todo o tipo de pessoas, passos de fé, inícios de novas igrejas na França profunda onde a cultura pouco mudou, onde parece que o ar que se respira ainda é medieval. Onde se fazem festas nos bosques e onde a bruteza do povo é tão desagradável como agradável é a sua autenticidade.
Ele e a sua esposa expunham-se a incursão perigosa, nas sua fragilidade e na consciência da força do seu Deus e do seu amor e interesse em reconciliar-se com a sua Criação.
Mas como se chega aí, lembro-me de que tudo começou com um acto de rebeldia, deixara sua família e na altura dos hippies andou por aí perdido, já depois de ter tido uma experiência com Cristo.
Um dia, em plena Ásia, um missionário amigo do seu pai encontra-o completamente perdido e lembra~lhe quem ele é e trá-lo de regresso à casa. 
Nada será mais como antes, ele entregou a sua vida como servo de Deus, e na companhia da sua fiel, firme e forte esposa, começa a sua grande aventura. Algo que me tocou imenso é que desde o início, sua irmã será uma das principais responsáveis pela sua manutenção financeira nesta obra.
A Fórmula era simples, todos os dias, Tempo com Deus e a Sua Palavra e trabalhos práticos e à tarde saia por aí e procurava as ovelhas perdidas, Mas não sou ele evangelizava como também recebia pessoas em casa, com problemas diversos, durante algum tempo, tempo de reencontrarem o seu caminho com Deus e o seu caminho na sociedade onde viviam.
Chegou a hora de escolhermos o professor com quem faríamos o nosso estágio e antes de me dirigir a ele, no dia seguinte, pedi conselho ao amigo da turma com quem viera de Portugal, Ele achou interessante a ideia. Mas quando no dia seguinte me dirigi ao professor manifestando o meu desejo, descobri que o meu amigo já tinha falado com ele alguns minutos antes e acertado então, o estágio...Fiquei a saber anos mais tarde que esse amigo achou a experiência totalmente desinteressante e eu nunca percebi por que isto tinha acontecido mas no entanto eu sei que nada foge ao controlo do meu Salvador e Senhor! Mas que doeu, doeu!