Tinha prometido a mim mesmo nunca vir a casar para não correr o risco
de ter uma vida parecida a vida dos meus pais. Claro que o desejo existia em
mim mas o medo era maior que o desejo e precisei perceber (e ainda preciso
muitas vezes relembrar) que nesta área como em tantas outras, a vida do Cristão
tem de ser vivida com os olhos postos em Deus e não nas dificuldades humanas ou
nos seus defeitos.
Houve várias meninas que, na escola, simpatizaram por mim. Outras
houve, em que o interesse era todo meu. Mas nada muito especial. Uma vez
simpatizei com uma rapariga muito linda e educada que me convidou a passar o fim-de-semana
com o seu grupo de amigos numa ilha. Mas para a minha tristeza, vivíamos em mundos
totalmente diferentes. Passaram dois dias a contar as viagens que faziam, as
prendas que ganhavam e eu, ficava calado a espera de poder participar mas
faltavam-me os recursos…
Minha irmã e eu fomos convidados a ir a uma excursão. Fomos sem
grandes expectativas. Os jovens eram poucos. O programa era simples. Mas lá
fomos os dois dar uma volta pelo Barlavento Algarvio.
Para minha surpresa, mais ou menos trinta quilómetros depois de termos
iniciado a nossa viagem, fizemos uma paragem breve para podermos assim colher,
de caminho, mais uma pessoa que iria participar da nossa excursão.
Espreitei, por simples curiosidade, quem iria subir e aí foi o choque! uma linda e esbelta rapariga de cabelo escuro, com uns olhos grandes e brilhantes
envoltos numas formas asiáticas que a tornavam exótica e ainda mais atraente. Para
a minha grande satisfação, os nossos olhares se cruzaram. Felizmente eu
estava sentado, caso contrário, não sei se eu iria aguentar em equilíbrio.
Falamos, durante o passeio, mas percebi logo que ela não era de muitas
falas. Mas ria-se das minhas parvoíces e fazia-me sentir no céu!
Soube mais tarde, que não foi mais expansiva por achar que a minha irmã
era a minha namorada…
Será que eu iria voltar a vê-la?