sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O grande erro

A equação era simples. Desistir de seguir a vontade de Deus e entrar no molde ou enfrentar tempos muito difíceis e de solidão...
Aí, de repente, foi como se toda a minha vida me passasse a frente...afinal, no meio cristão, as coisas funcionavam como nos outros sítios, interesses, razão, planeamento, necessidade, manipulações, pressões...
Não, não enganamos ninguém, aceitamos o apelo feito por Deus numa conferência missionária da nossa denominação e saímos com esse propósito que foi abençoado pela liderança!
Mas não, as coisas não são assim, a presente necessidade da estrutura era outra.
E o povo não sabe o que se passa na cúpula...
Não não percebemos na hora certa como funcionavam as coisas, senão, senão nunca teríamos embarcado. Não se trata de não querer seguir a Cristo. Trata-se de perceber que como os Católicos têm as suas tradições que os impedem de seguir só a Cristo, nós também temos as nossas.
E fugi mais uma vez. Não falei com o  nosso director para não fazer ondas e regressamos no fim do ano lectivo para Portugal e aceitamos entrar como obreiros na esperança de que as coisas mudassem depois, como por milagre...erramos!
O director não compreendeu, eu estava em choque, ele mandara uma carta para seis líderes de Portugal a denunciar meu comportamento em palavras que eu nem tenho coragem de reproduzir aqui.
Anos mais tarde, num quartinho, ele me pediu perdão e reconheceu que a nossa denominação não estava preparada para missões, que eu tinha razão na altura. Mas ninguém soube isso, ninguém viu, não foram mandadas outras cartas para os mesmos líderes a desfazer o erro...
Como eu amo Jesus Cristo! o Filho de Deus, incompreendido, injustiçado, mal tratado, morrendo só, por amor, por mim, antes mesmo que eu o perceba! Que loucura, parece desperdício! A loucura da Cruz, o amor divino contra a tolice humana...
É tão difícil dar sem interesse, é preferível construir creches para os nossos filhos, lares para os nossos velhos, centros de acampamentos para os nossos jovens do que ir longe e dar sem retorno...que loucura! Que desperdício, há tanta necessidade aqui...Ainda hoje, Portugal continua a receber obreiros de todo o mundo mas poucos são aqueles que nós mandamos. E a pobreza não é desculpa pois, por exemplo, a Suiça foi uma grande potência missionária quando ainda era pobre.
A busca pelos bons feelings, o bom "Louvor", o bom ambiente reduz nossa audição perante a voz, por enquanto, suave de Jesus Cristo que continua a ordenar: "IDE!"

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